Não é segredo que alimentos saudáveis são bons para si, enquanto alimentos não saudáveis podem ser, bem, insalubres. E embora a dieta não seja o único factor determinante quando se trata da saúde geral de uma pessoa (e riscos para a saúde), um novo estudo descobriu que comer um tipo específico de alimento pode potencialmente levar a mortes que são prematuras e evitáveis.
O estudo, que foi publicado no American Journal of Preventive Medicine, analisou os inquéritos dietéticos brasileiros e observou que cerca de 13% a 21% dos alimentos consumidos pelos participantes eram alimentos ultra-processados (UPFs). Verificaram também que dos 541.160 adultos entre os 30 e 69 anos de idade que morreram prematuramente em 2019, 261.061 dessas mortes foram causadas por doenças evitáveis e não transmissíveis, tais como diabetes, doenças cardíacas, e cancro.
Analisando mais de perto, o modelo do estudo descobriu que cerca de 57.000 mortes no Brasil que ocorreram em 2019 estavam ligadas às UPFs. Isto equivale a 10,5% do total de mortes prematuras. Também representou 21,8% das mortes de adultos entre 30 e 69 que foram causadas por doenças não transmissíveis evitáveis. Embora o estudo tenha considerado dados do Brasil, a equipa salientou que as mortes prematuras e evitáveis ligadas às UPF em países como os Estados Unidos, bem como o Canadá, a Austrália e o Reino Unido, poderiam ser mais elevadas, uma vez que os residentes destes países tendem a ter dietas que incluem ainda mais UPFs.
"O consumo de UPFs está associado a muitos resultados de doenças, tais como obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, alguns cancros e outras doenças", disse o investigador principal Eduardo A.F. Nilson, ScD, do Centro de Investigação Epidemiológica em Nutrição e Saúde, Universidade de São Paulo, e Fundação Oswaldo Cruz, Brasil, de acordo com EurekAlert!
"As descobertas contribuem para um conjunto crescente de provas de que os alimentos ultra-processados estão a contribuir para doenças e mortes prematuras de forma muito semelhante ao uso do tabaco", Dawn Harris Sherling, MD, FACP, DABOM, Professora Assistente de Medicina Interna na Florida Atlantic University College of Medicine, diz Eat This, Not That! "A parte mais assustadora deste estudo como americano, contudo, é que neste estudo feito com dados brasileiros, estima-se que apenas cerca de 20% da sua dieta foi ultra-processada. Nos EUA, os estudos estimam que quase 60% da dieta média é ultra-processada. Não é cientificamente correcto triplicar apenas a estimativa para a população dos EUA, mas isso levanta implicações muito assustadoras para a saúde da população aqui".
Felizmente, Sherling, o escritor por detrás de Eat Everything: How to Ditch Additives and Emulsifiers, Heal Your Body, and Reclaim the Joy of Food, afirma que evitar alimentos ultra-processados é "mais fácil do que poderia aparecer primeiro!
"Só temos de voltar a comer alimentos minimamente processados que os nossos avós souberam fazer (ou que fazem em lugares como Itália e Espanha hoje em dia)", diz Sherling. Para além disso, "Assim que desistimos das coisas altamente processadas e falsificadas e voltamos a comer alimentos inteiros, não só desenvolvemos hábitos mais saudáveis, como as nossas papilas gustativas habituam-se a comer a verdadeira comida, e desejamos isso sobre o lixo ultra-processado. Podemos fazer isto e apreciar novamente a verdadeira comida"!